quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Com a Reforma da Previdência (e a aprovação do teto dos investimentos públicos), moradores das periferias não terão chance de se aposentar

Texto por Raquel Rolnik¹

 
Mapa/Fonte: Pedro Lima
A Reforma da Previdência proposta pela equipe econômica de Michel Temer, em trâmite na Câmara dos Deputados, estabelece que a idade mínima para que homens e mulheres possam se aposentar no país passe a ser 65 anos com, no mínimo, 25 anos de contribuição previdenciária. A justificativa para impor essa idade mínima é que a expectativa de vida dos brasileiros vem aumentando nos últimos anos, o que tem onerado enormemente o fundo previdenciário. 

Essa justificativa está baseada na expectativa de vida média do brasileiro, que atualmente, segundo o IBGE, é de 75,4 anos na população em geral e de 79,1 anos para as mulheres. Porém, como toda média no Brasil, esse dado não representa absolutamente nada. Isso porque o país é marcado por uma extrema desigualdade e um dos indicadores onde isso é mais eloquente é, justamente, a expectativa de vida da população, um indicador que é fruto das condições ao longo da vida, que são, como sabemos, muito distintas a depender do pertencimento a diferentes grupos sociais, a diferentes territórios.

Em primeiro lugar, esse indicador apresenta diferenças enormes entre as regiões, os estados e entre os municípios. Santa Catarina, por exemplo, tem a maior expectativa de vida ao nascer do país, com 78,7 anos. Já no Maranhão, a longevidade média é oito anos mais curta. Mesmo em uma só cidade, como São Paulo, cuja média de expectativa de vida está entre as mais altas do país, 77,8 anos, as desigualdades entre distritos é imensa. Segundo levantamento na Rede Nossa São Paulo, enquanto no Alto de Pinheiros, na zona oeste da cidade, distrito onde está localizada a residência do presidente Michel Temer, o tempo médio de vida está em 79,67 anos, quase um ano acima da expectativa de vida nacional média, em Cidade Tiradentes, na zona leste, esta média é de apenas 53,85 anos. No mapa é possível visualizar o tempo médio de vida por distrito. Entre os 96 da cidade, 36 apresentam médias inferiores aos 65 anos propostos na Reforma da Previdência.

Os bairros onde o tempo de vida é menor coincidem com os locais mais marcados por precariedades de todo tipo, mais distantes dos postos de trabalho e onde vive a maior parte dos trabalhadores com menores salários. Isso significa que a reforma penaliza especialmente os mais pobres, que ao longo da vida já desempenham as funções mais desgastantes e que, provavelmente, trabalharão até morrer.

Mais grave ainda é a combinação explosiva da proposta da Reforma da Previdenciária com o limite dos gastos públicos, aprovado nesta terça-feira (13), no Senado. Isso significa que investimentos importantes em saúde, moradia, saneamento e transportes públicos, por exemplo, que poderiam incidir positivamente na melhoria das condições daqueles que hoje, exatamente pela sua falta ou precariedade– além dos baixos rendimentos – apresentam os piores indicadores de expectativa de vida, não serão feitos! Ou seja, as condições essenciais para diminuir a desigualdade do indicador não ocorrerão…

Além de todos os questionamentos sobre a necessidade e a qualidade da reforma previdenciária proposta, fica evidente o quanto ela é discriminatória, perpetuando as injustiças e desigualdades socioespaciais.

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Notas: 

* Raquel é urbanista e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

CONCENTRAÇÃO FUNDIÁRIA NO BRASIL: metade da área rural brasileira está nas mãos de 1% de proprietários

Imagem/Crédito: @arvoreSerTecnologico
Estudo inglês divulgado pela Agência Brasil mostra que metade da área rural do país está nas mãos de 1% de proprietários, enquanto 70% dos alimentos que comemos aqui no Brasil são cultivados por pequenos produtores que pelejam para produzir. Enquanto isso, o tal 1% atua na exportação de grãos e gado, provocando enorme impacto social (passam por cima da lei contra direitos indígenas e de populações tradicionais) e ambiental (destruição de mananciais, com prejuízo para nossas águas e florestas). E o paradoxo não termina por aí: o mesmo 1% é quem mais tem crédito rural, aumentando a riqueza e poder político nas mãos de quem mais explora o país: “Quanto maior a concentração de terra, maior a concentração de investimento, de maquinário, que vai se expandindo para diferentes setores". Na prática, conclui o estudo inglês, o modelo de exploração e transferência de riquezas do agronegócio não demonstrou melhoria na condição de vida da população, continua o velho modelo de "exploração". Até quando os brasileiros vão aceitar isso é a pergunta que fica?

Saiba mais: "Menos de 1% das propriedades agrícolas detém quase metade da área rural no país" - https://goo.gl/9FR4rM 

"Unearthed: land, power and inequality in Latin America" http://oxf.am/ZuRc

[Texto e Imagem: @arvoreSerTecnologico

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Identidade social entre crianças negras de Cariacica-ES no contexto de comparação social entre os grupos brancos, pardos e pretos

RESUMO:

Apoiada no referencial teórico-conceitual da Teoria da Identidade Social, a presente proposta teve como objetivo analisar os processos de identificação social entre crianças negras do município de Cariacica/ES no contexto de comparação social pretos-pardos-brancos. Para tanto, participaram do estudo 106 crianças negras, com idades entre 07 e 10 anos, moradoras do bairro Flexal II. Foram realizadas entrevistas individuais, abordando as seguintes dimensões: autocategorização, mobilidade social e avaliação das categorias sociais a partir de situações experimentais relativas à beleza, desonestidade, habilidades sociais, desempenho intelectual e desempenho esportivo. Os dados foram analisados a partir dos recursos do SPSS e da Análise de conteúdo categorial-temática. Os resultados evidenciaram que a maioria das crianças se autocategorizam como pretas; mas quando analisada a tarefa relacionada à mobilidade social, observou-se que a maior parte dos participantes deseja pertencer à categoria racial branca. Tal fato pode estar relacionado com o processo de socialização e a maneira como estas crianças percebem que os negros no Brasil são representados. Discute-se os efeitos do fenômeno de tendência ao branqueamento presentes imaginário dessas crianças para os processos de elaboração de sua identidade social.  Disponível em < http://portais4.ufes.br/posgrad/anais_jornada_ic/desc.php?&id=10289 >

COMO REFERENCIAR?

RODRIGUES, J. P. ; FREITAS, J. N. P. ; BONOMO, M. ; MENANDRO, P. R. M. . Identidade social entre crianças negras de Cariacica-ES no contexto de comparação social entre os grupos brancos, pardos e negros. In: Jornada de Iniciação Científica da UFES, 2016, Vitória. Anais da Jornada de Iniciação Científica da UFES. Vitoria: PRPPG, 2016. v. 7.

terça-feira, 14 de junho de 2016

TV Câmara disponibiliza catálogo gratuito com mais de 280 vídeos educativos: documentários, reportagens e interprogramas informativos

São documentários, reportagens e interprogramas informativos que abordam dezenas de temas diferentes, com o objetivo de promover a educação, o debate e o exercício da cidadania. Os vídeos foram codificados com as tecnologias mais recentes, o que garante ótima resolução de vídeo sem comprometer o tempo de download. 
Imagem/Reprodução: Tv Camara
Você escolhe como deseja usar o material: assistir pela internet, gravar, guardar, postar em blogs ou sites, ilustrar trabalhos e seminários, exibir em grandes audiências. Não é necessário fazer cadastro nem inscrição. Todos os vídeos do Baixe e Use são livres de pagamento pela utilização, mas o download está automaticamente condicionado ao conhecimento e à aceitação dos termos de uso.

(Texto por TV Camara)

sexta-feira, 25 de março de 2016

Antes carta de alforria, hoje alvará e/ou carteira de identidade!

Após ouvir muitos relatos de amigos negros que se questionam o tempo todo o porquê de não poderem sequer esquecer o documento de identificação em casa. Pois estes são/estão passíveis de serem apreendidos e/ou humilhados por PM. Resolvi então, recorrer à literatura, e encontrei as seguintes pistas: 

"[...] Mesmo antes da revolta dos Malês... em 1830, um decreto proibia os forros e forras africanos, sob pena de prisão, circularem livremente para fora de seu domicílio, a não ser passaporte de limitada vigência, que só deveria ser concedido mediante exame de regularidade de sua conduta. [...] (CUNHA, 1985 apud Campos 2012. p43) 

Antes carta de alforria, hoje alvará e/ou carteira de identidade! Até quando? Até quando seremos culpados/suspeitos padrão?

terça-feira, 22 de março de 2016

Guerra pela água gera violência em diversas partes do Espírito Santo

Fonte/Imagem: Gazeta Online
A reportagem é de Patrick Camporez, com fotografias de Marcelo Prest. Trata-se de um material riquíssimo do ponto de vista pedagógico! Vale a pena conferir!

Leia a reportagem na íntegra em http://especiais.gazetaonline.com.br/guerrapelaagua.

[...] 
Um terço do território do Espírito Santo virou campo de batalha por água. Numa área equivalente a 150 vezes a cidade de Vitória, a má gestão dos recursos hídricos leva as pessoas ao extremo de matar ou morrer na tentativa de sugar o maior volume possível dos mananciais. Cinco mortes em disputas por água foram registradas nos últimos cinco anos, apenas nos municípios onde a reportagem esteve. Pelo mesmo motivo, uma sexta vítima foi baleada, mas sobreviveu, e outra foi esfaqueada.

Como a irrigação agrícola já consome 85% da água disponível para uso, os conflitos se alastram com maior intensidade no interior.
Somente em 2014 e 2015, 768 situações de disputa precisaram ser resolvidas com a intervenção da polícia e da Justiça. Em Nova Venécia, no Noroeste, 31 casos de privatização ilegal da água foram judicializados no ano passado. No mês de outubro, o assassinato de um produtor rural ajudou a aumentar o clima de tensão na cidade. [...]

[...] Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), pelo menos 30 municípios têm áreas de vulnerabilidade hídrica. As brigas acontecem quando um produtor constrói poços, barragens e desvios de rio sem autorização, impedindo que a água chegue à propriedade seguinte. No último ano, delegacias de pelo menos 20 municípios registraram situações de ameaça entre produtores. “O vizinho diz: ‘libera a água ou você vai ver o que vai acontecer.’ Um quer pegar a água do outro”, conta o investigador de Mimoso do Sul, Luciano Amorim. Apesar de a maior parte das ocorrências envolver irrigação, a “guerra pela água” também põe em confronto diferentes forças produtivas. As relações ficam acirradas quando a vazão dos rios e córregos deixa de ser suficiente para atender a todos os usuários das bacias, opondo agricultores, indústrias, agentes de abastecimento e outro usuários. [...]


Fonte/imagem: Gazeta Online

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

MEC disponibiliza gratuitamente publicações sobre Educação para as Relações Étnico-Raciais

O Ministério da Educação está disponibilizando gratuitamente uma série de publicações que tratam sobre a Educação para as Relações Etnico-Raciais.

Vale a pena conferir!

Acesse as publicações clicando no link a seguir: http://etnicoracial.mec.gov.br/2013-03-06-18-02-36

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Por que um tem problema e o outro não tem?

Imagem/Fonte: Divulgação Facebook
Ao contrário do que você pensa, xingar um negro de macaco não foi um surto criativo do Danilo Gentili. A Igreja Católica deu sustentação religiosa ao regime escravocrata dizendo que negro não tinha alma, era " bicho." 

Intelectuais racistas deram sustentação científica ao regime escravocrata dizendo que o negro se equiparava ao macaco na cadeia evolutiva. 

Quando você veste uma criança branca de macaco, é só uma criança branca vestida de macaco. Quando você faz isso com uma criança negra você está jogando sobre ela toda a carga histórica e filosófica racista que ajudou a sustentar a escravidão e que afirmava que o negro era bicho e não gente. Ou você acha que as bananas jogadas nos campos de futebol para ofender negros é uma ideia recente?

"O racismo está nos seus olhos." Porque você não diz essa frase pro Policial Militar, pro porteiro de prédio da Zona Sul do Rio, pro vigilante de banco, pra recepcionista do Hotel, pro taxista na madrugada? Porque pra você a culpa é sempre da vítima. A mulher é estuprada? É culpa da mulher. O gay foi espancado? É culpa do gay. Alguém me chamou de macaco? A culpa é da cor da minha pele.

Se você não vê nada demais na primeira foto é porque se o Brasil ainda fosse escravocrata você teria escravos mas os trataria como se fossem " quase da família". Em caso de rebeldia daria no máximo umas três chibatadas como quem bate no cachorro só pra educar porque afinal, você os trataria quase como gente.

Lamento profundamente que alguns amigos pensem assim.

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*Texto publicado Originalmente no Facebook, por André Jamaica, em 10 de fevereiro de 2016.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

16 leituras para este início de 2016: Temáticas relacionadas as relações etnicorraciais

Imagem/Fonte: divulgação internet
Que tal iniciar o ano de 2016 com uma boa leitura? E se de lambuja, você ainda se atualizar acerca de algumas questões que estão em pauta na área dos estudos das relações etnicorraciais? Bem, pensando nisso, resolvi listar 16 dicas super interessantes. Confira:

1. Orientações raça cor:

"A cartilha “Orientações para a Qualificação do Quesito ‘Cor ou Raça’ no Censo da Educação Superior” foi lançada pela Seppir em 2015 com o objetivo fornecer argumentos que subsidiem dirigentes e pesquisadores das instituições sobre a importância da coleta adequada do item. Além disso, a publicação enumera orientações que pretendem contribuir para o aprimoramento das pesquisas. "

2. “O Povo Brasileiro – A Formação e o Sentido do Brasil” - Darcy Ribeiro

"Trata-se de uma tentativa de tornar compreensível, por meio de uma explanação histórico-antropológica, como os brasileiros se vieram fazendo a si mesmos para serem o que hoje somos. Uma nova Roma, lavada em sangue negro e sangue índio, destinada a criar uma esplêndida civilização, mestiça e tropical, mais alegre, porque mais sofrida, e melhor, porque assentada na mais bela província da Terra."

Disponível em:

3. "Etnocentrismo, estereótipos, estigmas, preconceito e discriminação"  - Bianca Wild

"Cada grupo social tende a adotar determinada postura frente ao outro, essa seria justamente sua forma de representação. A afirmação social de uma representação tem como base fundamental a ação e a comunicação. Ela encadeia pensamento e linguagem o que permite a compreensão do mundo e assimilação das relações que nele se estabelecem.Para compreendermos quem somos em grupo, como coletividade, ou quem somos individualmente, como indivíduos, dependemos da interpretação e do reconhecimento que nos é dado pelos outros. “Ninguém pode edificar a sua própria identidade independentemente das identificações que os outros fazem dele” Habermas (1983). "


4. "Torna-se Negro"  - Neusa Santos Souza

"Este livro procura romper a precariedade de estudos sobre a vida emocional dos negros. Diante da flácida omissão com que a teoria psicanalítica tem tratado esse assunto, a autora apresenta reflexões profundas e inquietantes sobre o custo emocional da sujeição, da negação da própria cultura e do próprio corpo. O negro que se empenha na conquista da ascensão social paga o preço do massacre de sua identidade, tomando o branco como modelo de identificação." (Jurandir Freire Costa )

5. "RACISMO & SOCIEDADE" - Carlos Moore

"Neste livro, [Carlos Moore] faz um apanhado histórico e uma análise apurada das questões contemporâneas que dizem respeito ao racismo. Dispensando o foco tradicional sobre a chamada “questão do negro”, ele aprofunda a história do racismo e a construção das bases das relações raciais contemporâneas. Seu estudo situa essas relações no contexto da história mundial e no desenvolvimento da espécie humana.  Este livro é leitura obrigatória para as pessoas interessadas na questão das relações raciais." Via: IPEAFRO

Disponível em:
6. Como A Europa Subdesenvolveu A África - Walter Rodney 

"Fala de como a Europa subdesenvolveu o Continente Africano em benefício próprio, a África que já era vista de maneira preconceituoso pela Europa, foi saqueada em seus recursos humanos e posteriormente em seus recursos naturais pelos países europeus."

Disponível em:
7. "Tecnologia Africana na Formação Brasileira" - Henrique Cunha Junior

"Ao publicar Tecnologia Africana na Formação Brasileira, do prof. Dr. Henrique Cunha Junior, prosseguimos com a divulgação da história de nossas raízes, que sistematicamente nos foi negada ou manipulada de acordo com os interesses eurocentristas de quem a escrevia, se “esquecendo” de narrar acontecimentos inteiros da presença e contribuição negro-africana na formação do Brasil. É um olhar sobre o berço da humanidade: a África. Continente formado por dezenas de povos distintos, que direta e/ou indiretamente influíram na formação desta nação, a despeito da sanha colonizadora portuguesa que resultou em séculos de escravização. Além do conteúdo específico do tema, nas páginas finais de cada volume, os Cadernos CEAP contêm um roteiro para trabalhos pedagógicos que permite aos educadores muitas alternativas de exploração do material em sala de aula."

Disponível em:
8. "A África na Escola Brasileira" - (Org.) Elisa Larkin Nascimento 

"Neste pequeno volume, apresentamos um resumo dos temas abordados no fórum [sobre o Ensino da História das civilizações Africanas na Escola Pública] e as suas conclusões, na forma de sugestões concretas de ações para introdução da material no ensino básico. Na primeira parte, "Fundamentos da Proposta", fazemos algumas observações sobre seus antecedentes e a sua inserção no contexto de uma orientação pedagógica atual. Na segunda parte, "Conteúdos Teóricos", esboçamos algumas observações de natureza histórica e teórica que orientas as discursões e as propostas articuladas no âmbito do fórum. Na terceira parte, relatamos as propostas concretas de ações pedagógica emergentes no desenrolar das discursões. Finalmente, nos "Apêndices", reproduzimos alguns dos documentos que o fórum examinou ou discutiu." 

Disponível em:
9. Pouca presença de negros na TV contribui para racismo na infância, dizem especialistas 

"Apesar de pouco discutido, o racismo na infância e nas escolas existe e precisa ser enfrentado, na opinião de professores e especialistas ouvidos pela Agência Brasil. Eles destacam a pouca representação de crianças negras nos meios de comunicação como uma das causas do problema. "

Disponível em:
10. HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA JULIANO MOREIRA 1873 – 1933

"Juliano era múltiplo. Foi médico, tropicalista, dermatólogo, sifilógrafo, alienista, psicólogo, naturalista e historiador da Medicina. Sob qualquer ângulo que examinamos a história de Juliano Moreira, ela é extraordinária. Quem poderia imaginar tão brilhante carreira para um menino negro nascido e 6 de janeiro de 1873, na cidade de Salvador, Bahia, no Bairro da Sé. Criado pela mãe, foi reconhecido mais tarde pelo pai. Começou a estudar no Colégio D. Pedro II e depois no Liceu Provincial. Entrou cedo para a Faculdade de Medicina (1886) e formou-se com 18 anos, em vésperas de completar 19, em 1891. Durante o curso e sempre através de concursos, foi interno da Cadeira de Moléstias Cutâneas e Preparador de Anatomia Médico-Cirúrgica. Sua tese de doutoramento foi sobre Etiologia da Sífilis Maligna Precoce. (Segundo Afrânio, essa Tese mereceu honrosas referências do sifilógrafo Buret e do neurólogo Raymond)."

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11. No País do Racismo Institucional

"A obra é a primeira exclusivamente sobre o tema no Brasil, poucas coisas se têm escritas e reunidas sobre o assunto. A base de pesquisa foi feita por meio de vasta bibliografia, artigos e dados recentes, além de entrevistas com os membros do GT Racismo do MPPE – Ministério Público de Pernambuco e atores externos que trabalham com o tema racial. Está divida em seis capítulos: a naturalização do preconceito racial; a criminalização de uma cor; ensino e cor da pele; saúde, vida e morte; casa cor: terras quilombolas e terreiros; o GT Racismo por ele mesmo."

Disponível em:

12. "SITUAÇÃO SOCIAL DA POPULAÇÃO NEGRA POR ESTADO

O livro apresenta "os principais resultados do estudo que usou como base os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2001 e 2012. A pesquisa levou em consideração quatro aspectos: características fundamentais das famílias; escolaridade; seguridade social; trabalho e renda da população negra em comparação com a branca. Os dados apontaram que, em relação ao salário, a população negra continua recebendo menos que a população branca."

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13. CARTILHA: O Impacto do Racismo na Infância 

"Seria possível uma infância sem racismo? Seria possível termos todas as crianças de até 1 ano de idade sobrevivendo? Seria possível um Brasil com todas as crianças – sem faltar nenhuma delas – tendo seu nome de família assegurado no registro civil de nascimento? Seria possível termos todas as crianças – sem faltar nenhuma delas – com acesso a educação integral? Seria possível termos todas as crianças livres dos efeitos da discriminação racial?"

14. Raça Novas Perspectivas Antropologias 

"Este livro, pensado como um aporte ao debate assim como ferramenta para o ensino, sobretudo em nível de graduação, tenta lidar, sem nenhuma pretensão de completude, com uma série de desafios proporcionados por esta nova fase da sociedade brasileira, onde, talvez pela primeira vez e obviamente de forma contraditória, ser índio e negro deixa de ser ônus para se tornar, às vezes, até bônus. Neste contexto contar a cor é imediatamente político, porque pode estar associado a uma redistribuição de recursos e pensar em educação inspirada por algum multiculturalismo, com indica a Lei federal n. 10.639, obriga os antropólogos a refletir sobre vantagens e desvantagens do uso, em determinado contextos, de certas categorias, como etnicidade, raça, índio, negro ou afrodescendente e quilombola."  Trecho do Prefácio Livio Sansone 

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15. As políticas públicas e a desigualdade racial no Brasil 120 anos após a abolição

“Nos capítulos que compõem este livro, o leitor terá a oportunidade de se confrontar com a temática racial sob diferentes ângulos. Em um primeiro momento, serão apresentadas análises sobre os condicionantes históricos que informam a atual conformação do mercado de trabalho no país, assim como de nossa difícil trajetória no sentido do reconhecimento da discriminação racial como mecanismo que efetivamente opera na distribuição de posições e oportunidades na sociedade brasileira. Nesse sentido, também será apresentada a evolução das abordagens da questão racial em voga na academia brasileira a partir da segunda metade do século passado. O trabalho evolui para a apresentação de alguns dados recentes da PNAD, que permitem identificar alterações na situação da desigualdade racial no Brasil e passa, finalmente, para uma avaliação das políticas públicas desenvolvidas a partir dos anos 90." MÁRCIO POCHMANN

Disponível em:
16. Racismo na infância: terreno fértil para a violência


"Crianças que nascem já estigmatizadas por sua cor da pele, pelo local em que moram e pelos lugares onde estudam têm poucos exemplos que as representem. Alie isso a zero incentivo e temos bombas-relógio. Logo, temos um duplo problema aí: falta de representatividade em diversas áreas de atuação e o reflexo da falta de acesso à educação e opções de carreiras para crianças negras."

Disponível em:
Boa leitura!

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Curso Saúde da População Negra para a desconstrução do Racismo Institucional no SUS

Por Isabel Cristina Fonseca da Cruz 
publicado originalmente em Portal Geledes

O Ministério da Saúde, por meio da Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS), oferece um curso online e gratuito sobre Saúde da População Negra.

Dentre todos os agravos que impactam a saúde da população negra, o que justificou a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra – PNSIPN e sua implantação foi o reconhecimento da causa: o racismo institucional (Estado)/viés racial implícito (agente). E esta causa, o racismo institucional/viés racial implícito, ou é responsável por um curso “não natural” dos agravos ou é a barreira ao acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS) ou pode ser uma barreira ao Cuidado Centrado na Pessoa e Baseado em Evidência Científica. 

O Ministério da Saúde, por meio da Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS), oferece um curso online e gratuito sobre Saúde da População Negra. Este curso visa a capacitação dos/as profissionais de saúde para a implantação da PNSIPN no ponto do cuidado. 

A sociedade brasileira entendeu que o racismo é um determinante social da saúde e aprovou a lei que referenda a PNSIPN como estratégia para o enfrentamento de alguns dos problemas resultantes que impactam no processo saúde/doença da população negra capazes de provocar taxas não naturais e desiguais (ou díspares ou iníquas) de morbi-mortalidade . 

Neste curso, buscamos na, medida do possível, indicar pontes ou estratégias de ação, integrativas da cultura afro-brasileira, para a promoção da saúde, o diagnóstico precoce, a prevenção de complicações, o tratamento e a reabilitação, garantindo desta forma a efetiva implantação da PNSIPN. Para tanto, destacamos a ecologia biocultural da população negra. 

Nunca é demais lembrar que o propósito da PNSIPN é melhorar os serviços oferecidos pelo SUS tornando-os isentos de racismo institucional, bem como de viés racial implícito. Igualmente, a PNSIPN visa a promoção de resultados terapêuticos com alto grau de sucesso e equânimes, assim como integração das práticas de cura tradicionais afro-brasileiras ao cuidado de saúde, com base em evidência científica. 

E, é com base neste pressuposto que consideramos pertinente relacionar alguns dos agravos descritos na PNSIPN (geneticamente determinados, de evolução agravada ou tratamento dificultado e adquiridos em condições desfavoráveis) com o referencial conceitual de PURNELL (2002) sobre cuidado de saúde transcultural. 

Todavia, em razão de o modelo de Purnell ter sido proposto para a avaliação clínica da pessoa e sua herança cultural, não encontramos nele um classificador para os agravos externos à cultura ou etnia decorrentes dos determinantes sociais da saúde, especificamente o racismo institucional/viés implícito. 

Pesquisas neste sentido devem ser realizadas de modo a aperfeiçoar o modelo e consolidar o cuidado de saúde centrado na pessoa negra & sua diversidade étnico-cultural. 

Enquanto isso, é preciso mobilizar os/as gestores/as e profissionais de saúde para, ao menos, realizarem o curso e fazerem a sua parte na implantação da PNSIPN nas unidades de saúde. 

Bibliografia:
PURNELL, L. The Purnell Model for Cultural Competence . Journal of Transcultural Nursing, Vol. 13 No. 3, July 2002 193-196. Disponível em http://www.europeantransculturalnurses.eu/resources/The%20Purnell%20Model%20for%20Cultural%20Competence%5B1%5D.pdf

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Para mais informações sobre o curso, acesse: http://www.unasus.gov.br/populacaonegra


Site do Ministério da Educação disponibiliza conteúdos multimídia educativo

No site estão disponíveis vários arquivos de multimídia. O conteúdo é voltado para todos os níveis de ensino e em diversos formatos.


É possível também conferir coleções de conteúdos, os sites temáticos e os cadernos didáticos. 

Este conteúdo pode ser publicado livremente, no todo ou em parte, em qualquer mídia, eletrônica ou impressa, desde que contenha um link remetendo para o blog: www.blogdojosimarnunes.blogspot.com.br

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