terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Breve histórico da Economia Brasileira e da Economia Espiritossantense:

Fonte/Imagem: Divulgação internet
O Brasil, de acordo com Lacerda et al (2010), a exemplo de outras ex-colônias, possui uma história econômica marcada por profundos resquícios do contexto colonial de sua própria constituição enquanto nação. E o Espírito Santo, como consta em Caliman (2012) também reflete esta característica. Ambos são marcados historicamente pela produção e
comercialização de café, e ainda mantêm, por exemplo, significativa dependência da produção e exportação de commodities¹. 

Mesmo após a proclamação da independência, observa-se nos escritos de Lacerda et. al. (2010), que se mantiveram nas entrelinhas, práticas econômicas, reflexos de uma série de acontecimentos de ordem histórica, econômica e social. Trata-se de uma economia inicialmente dependente estritamente da produção de gêneros agrícolas e de produtos matéria-prima, voltadosà exportação. Tal realidade apenas começa a se alterar a partir de meados dos anos de 1930, com o início do processo de industrialização.

Segundo Lacerda et al (2010) a história da economia brasileira pode ser dividida em duas etapas: 1ª) O período Mercantil, constituído pelas relações econômicas adotadas do período colonial até 1930. Este pode ser analisado sob duas fases: a colonial que abrange os ciclos da cana de açúcar e do ouro, ocorrida entre os séculos XVII e XVIII, e a primário-exportadora, momento em que se inicia uma significativa produção e comercialização de café com os demais países. É neste período que acontece a ascensão da burguesia cafeeira, que passa, a partir de então, a influenciar diretamente nas políticas econômicas do país; 2ª) Período Industrial, adotado de 1930 até os dias atuais, demarcado como um conjunto de mudanças políticas, econômicas e estruturais, que objetivou implantar um processo de desenvolvimento baseado na instalação e fortalecimento de indústrias em solo nacional brasileiro, tendo em vista elevar o país a um patamar de desenvolvimento econômico comparado às demais nações mundiais.

Durante todo o período colonial brasileiro, o Espírito Santo foi mantido, como narra Caliman (2012), à margem dos principais ciclos econômicos. O Estado apenas entra em sintonia de maneira mais expressiva com a dinâmica econômica brasileira, como pontua a autora, a partir do séc. XIX (fase final do período mercantil). Momento em que a produção cafeeira assume singular relevância no contexto da produção e comercialização brasileira no mercado internacional. E este retardo, em relação a outros estados, se refletiu também em seu processo de instalação de indústrias.

Conforme disposto em Lacerda et. al.(2010), no Brasil, o processo de instalação de indústrias se inicia em meados dos anos de 1930 e 1940. No entanto, o Espírito Santo, até o início dos anos 50, ainda tinha sua renda baseada basicamente na produção de gêneros agrícolas. De acordo com o próprio Movimento Empresarial Capixaba (2002 apud IGLESIAS s/d² ), a produção do café representava 30% (um terço) de toda a renda capixaba. Fator este que, influenciava inclusive, diretamente na própria lógica das atividades urbanas do estado que eram basicamente voltadas a comercialização e o beneficiamento do produto da região.

E mesmo diante os movimentos nacionais relatados por Lacerda et. al.(2010), no sentido de se romper com esta lógica de dependência da produção agrícola, ocorridos a partir de 1930 no Brasil, visando implantar uma série de políticas econômicas que possibilitasse ao país um desenvolvimento industrial pleno, a economia e a infra-estrutura espírito-santense apenas começa a ser impactada diretamente por tais projetos nacionais, mais de 20 anos após, a partir de meados dos anos de 1956, com o Plano de Metas proposto por Juscelino Kubitschek (JK). Plano este, que ao contrário do caráter nacionalista adotado por Getúlio Vargas, aceitava e estimulava veementemente a chegada do capital externo no país. 

A partir de então, o estado passa a ser impactado diretamente com uma série de mudanças de ordem econômica, que por conseqüência, também refletem diretamente em uma série de questões sociais.

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¹Produtos "in natura", cultivados ou de extração mineral, que podem ser estocados por certo tempo sem perda sensível de sua qualidade, como suco de laranja congelado, soja, trigo, bauxita, prata ou ouro.
² Utiliza-se o código S/D (sem data) para referir-se aos estudos em que não foi possível identificar claramente a data de publicação.

Referências Bibliográficas

BRITO, Fausto. O deslocamento da população brasileira para as metrópoles. Estudos avançados, São Paulo, v. 20, n. 57. Maio/ Ago. de 2006. (Scielo Brasil). Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142006000200017&script=sci_arttext. Acesso em: 28 nov. 2015. 

CALIMAN, Orlando. Formação Econômica do Espírito Santo: de Fragmentos do Período Colonial à Busca de um Projeto de Desenvolvimento.Disponível<http://www.rigs.ufba.br/pdfs/RIGS_v1_n2_art2.pdf> em acesso 25 nov 2015. 

CARTIGLIONI, Aurélia Hermínia.; BRASIL, Gutemberg Hespanha. Dinâmica Populacional de Vitória. Disponível em <http://www.vitoria.es.gov.br/arquivos/20110511_agendavix_populacao_resum.pdf> Acesso em: 30 nov. 2015.45 slides. Apresentação em Power point.

ECONOMIABR. Commodities. Disponível em<http://www.economiabr.net/economia/5_commodities.html > acesso 25 nov 2015. IGLESIAS, Roberto. Determinantes do crescimento econômico do Espírito Santo: uma análise de longoprazo.Disponível em acesso 25 nov 2015. 

LACERDA… [ET AL.]. Economia brasileira. 4.ed. São Paulo, Saraiva, 2010 

LEITE, Leonardo de Magalhães; MAGALHÃES, Matheus Albergaria de. Desigualdades Intraestaduais no Espírito Santo: uma abordagem espacial exploratória. Disponível em <http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs/index.php/economia/article/view/28286/18752acesso 25 nov 2015.

LIRA, Pablo Silva; OLIVEIRA JUNIOR, Adilson Pereira de; MONTEIRO, Latussa Laranja (Ed.). Vitória: transformações na ordem urbana. 1. ed. Rio de Janeiro: Letra Capital: 2014. 393 p. (Série estudos comparativos).

LOUREIRO, Klítia. A modernização econômica do Espírito Santo e a ação dos agentes políticos locais. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA, 23., 2005, Londrina. Anais do XXIII Simpósio Nacional de História – História: guerra e paz. Londrina: ANPUH, 2005. CD-ROM. 

MATOS, Patrícia de Oliveira. Análise dos Planos de desenvolvimento elaborados no Brasil após o II PND.[Piracicaba]2002. Disponível em <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11132/tde-08012003-110722/pt-br.php>acesso 01 dez 2015.(Dissertação Mestrado)

MATTOS, Rossana. Segregação socio espacial e ambiental em São Pedro (Vitória – ES/Brazil). In: VII CONGRESSO PORTUGUÊS DE SOCIOLOGIA, 19-22., 2012. Anais do VII Congresso Português de Sociologia – Sociedade Crise e Reconfigurações. Disponível em <http://www.aps.pt/vii_congresso/papers/finais/PAP0414_ed.pdf>acesso 25 nov 2015.

MOVIMENTO EMPRESARIAL DO ESPÍRITO SANTO. Espírito Santo competitivo: uma estratégia de desenvolvimentocom base em Arranjos Produtivos. [Vitória], 2002. 

SILVA, Madson Gonçalves da; DADALTO,Maria Cristina. Os efeitos da industrialização e das migrações no espírito santo: o caso da Serra. Anais... Semana de Ciências Sociais- UFES.[Vitória], 2014. Disponível em <http://periodicos.ufes.br/SCSUFES/article/view/8908> acesso 25 nov 2015

Um comentário:

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